sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

O jornalista é acima de tudo um educador

Sempre me esforço para não ficar estressado com notas, matérias e reportagens negativas a meu respeito. Aprendi a guardar o meu coração. A protegê-lo dos eventuais ataques que considero injustos e que na maioria das vezes são eivados de ódio, rancor e inveja. Quanto às críticas honestas e sinceras, respeito-as profundamente Mas tudo isso faz parte da natureza humana. Do comportamento do homo sapiens. Esse ser extraordinário, intrínseco e complexo que tanto amo.

Quando deixei de ser pedra para ser vidraça, ou seja, de jornalista político bastante crítico para ser vereador, sempre me deparei com uma frase de Jesus: “A medida com que medires vos medirão também”. Sabendo disso, sempre procurei ficar tranqüilo e sereno – com muito esforço – diante das críticas que com certeza absoluta viriam. Principalmente as mentirosas, as falsas, apesar de nunca ter recorrido a elas para atingir adversários políticos. Sempre fui duro, mas verdadeiro. A prova disso é a ausência de processos contra mim com base na lei de imprensa. Os poucos existentes foram arquivados. Digo isto mesmo sabendo que muitos jornalistas são injustamente processados.

Ao me eleger vereador meu campo de visão foi ampliado. Sou jornalista bastante crítico, mas também político com mandato. Afirmo em função das constantes reclamações de colegas políticos sobre algumas matérias produzidas na imprensa. Às vezes a informação divulgada está a anos-luz da realidade do fato acontecido. Sou testemunha disso. É verdade. Outras vezes a informação foi distorcida propositadamente para prejudicar politicamente.

Em outras situações, a pessoa é acusada, julgada e sentenciada na nota, comentário ou reportagem sem ter o elementar direito de defesa, de resposta, do contraditório. Às vezes é uma simples nota carregada de peçonha. Os manuais do bom jornalismo, a lei de imprensa e o código de ética foram estabelecidos para balizar nosso comportamento. A nossa profissão quando exercida com paixão política e ideológica pode nos cegar a visão gerando sectarismo, infâmia e desonra. Pior ainda, se os motivos forem escusos.

É papel primordial da imprensa criticar, investigar, fiscalizar e denunciar sem medo. Não o de difamar. Não sou a palmatória do mundo, muito menos quero nesse artigo passar pito em ninguém. Não é esse o meu ofício. Meu objetivo é chamar para uma reflexão serena e objetiva. Não estou falando de pessoas, mas de valores. Já ouvi muita reclamação: “mas não foi isso que eu disse”, ou então, “não foi assim que aconteceu o fato”, mais ainda, “o que eu falei foi cortado, foi editado”, “essa informação foi “plantada”, porém, a pior delas: “Essa matéria é um boleto bancário”.

Tudo seria mais simples se o contraditório fosse feito. A fonte necessariamente tem que ser checada. Ouvir o outro lado e dar todas as versões do fato. Isto pode ser feito tranquilamente respeitando a linha editorial das empresas de comunicação que são regidas pela lei de mercado. Quando uma informação errônea ou distorcida é passada para a comunidade ela gera conseqüências boas ou más. Tem desdobramentos imprevisíveis. Destrói e constrói vidas. Portanto, nosso compromisso é com a verdade como bem demonstram alguns jornalistas, radialistas e apresentadores de televisão de nossa cidade; poucas são as exceções. Temos o dever não apenas de informar, mas de formar. Todo jornalista será sempre um educador.

Astério Moreira – jornalista e vereador, líder do PSB na Câmara Municipal

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