quinta-feira, 31 de maio de 2012



No último dia de sessão da Câmara, em dezembro de 2007, que aconteceu no auditório da Fieac com a entrega de títulos de “Cidadão Riobranquense”, um fato passou desapercebido dos presentes e da imprensa. Um grupo de moradores da rua-ramal do Macarrão, Belo Jardim, (metade é rua e metade é ramal; está em processo evolutivo), foi ao local reclamar que dezenas de famílias estavam isoladas pelas péssimas condições de tráfego na região.

No momento em que os periféricos tentavam entrar no suntuoso recinto com cara de poucos amigos, foram abordados por uma nervosa e eficiente funcionária da Câmara Municipal, que foi logo exigindo credenciais:

“Cadê o crachá? Vocês não podem entrar aqui nesses trajes e sem o crachá. Cadê o crachá"?, insistiu a moça, alinhada para a festa que o momento exigia.

Como se dissesse a coisa mais natural do mundo o líder do movimento, um senhor moreno, forte, ombros largos, mãos calejadas, olhar firme, respondeu com a simplicidade de quem chupa uma manga:

_Quando esses políticos que estão aí dentro do ar condicionado vão pedir votos nas portas de nossas casas não pedimos crachá, portanto moça, esqueça o crachá que nós vamos entrar aí para fazer a nossa reivindicação.

Como diz o Floriano Oliveira, adentraram a festa. Para surpresa da angustiante funcionária se portaram dignamente. Apesar dos trajes humildes, das sandálias havaianas e do cheiro forte de suor se integraram aos convivas. Agiram com extrema naturalidade como se estivessem em seus barracos.

Depois da solenidade entregaram um documento denunciando a situação de isolamento, que foi recebido pela chefia de gabinete do prefeito Raimundo Angelim. Ao final, também participaram da comilança. Papearam com os vereadores e os convidados. Foi o melhor da festa, com todo respeito aos agraciados.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

"Perdão irmão Astério eu lhe enganei lá na Câmara"


Naquele início de noite de domingo a Igreja Renovada estava transbordando de gente, de almas, de unção e de muita alegria. O povo vibrava louvando a Deus. Os homens, a maioria jovens, tinham chegado do "Encontro com Deus". Corriam saltando de alegria pelos corredores da igreja.


Eu me encontrava no altar juntamente com apóstolo Afif Arão e alguns pastores. Um jovem, bastante suado e cansado de correr subiu as escadas e se aproximou de mim. Fez sinal de que queria falar comigo. O som muito alto me obrigou a praticamente encostar o ouvido em sua boca.


_ Irmão Astério Deus me incomodou para lhe procurar e pedir perdão. Estou chegando do encontro e preciso lhe pedir perdão porque fiz um coisa muito feia com o senhor. Eu lhe enganei lá na Câmara. Fui lá e lhe pedi um ajuda em dinheiro dizendo que minha mãe estava doente. O senhor me ajudou, mas era mentira minha. Me perdoe.


_ Foi, eu lhe ajudei?


_ Sim, o irmão me deu R$ 100 reais...


_ Tá bom irmão, vai em paz você está perdoado.


No dia seguinte contei para um de meus assessores, o Alexandre  Rodrigues, que ouviu calado e depois concluiu:


_ Que irmãozinho sem-vergonha! O pedido de perdão para valer teria que vir acompanhado dos R$ 100 reais.
Cabide e o filho "homossexual"


A semana fervia ma Câmara Municipal por conta da discussão sobre homofobia, casamento gay, adoção de crianças por casais gays. Os mais variados protestos e apoios aconteciam entre os parlamentares. No meio da confusão e na altura de seus 1,50 centímetros, o vereador  Waldir Cabide (PTC) externava sua posição de tolerância ao LGBTT.
Porém, um dia quando chegava ao estacionamento do Poder legislativo para mais um dia de árdua discussão, um funcionário tido por brincalhão e gaiato correu ao encontro do pigmeu. Ofegante foi dizendo:


_ Vereador Cabide um grupo de pessoas na galeria estava dizendo que teu filho é um "heterossexual".


_ O quê? Quem foi esse f.d.p.? Esse canalha, cabra safado. chamou meu filho de @#$%¨&* (indecifrável)...sexual? 


_ Não foi só um não, vereador. Foi um bocado de gente...é estavam dizendo que ele é um "heterossexual". 


Cabide saiu brabo em direção ao Plenário. Se inscreveu para falar bufando de raiva. Chegando a sua vez bradou de cima de um tamborete que a Mesa Diretora mandou fazer para que alcançasse o microfone: 


_(...sic) Senhor pisidente! Eu, vereador Cabide, exijo respeito para mim e minha família. Um magote de cabra safado anda dizendo nesta Casa que meu filho é um heterossexual. Respeitem minha família...meu filho não é nenhum vagabundo heterossexual, não. Meu filho gosta é de mulher viu...ele é homossexual assumido. Vou processar quem quiser difamar minha família. Isso é perseguição política... 


Enquanto Cabide esbravejava na tribuna os gaiatos na galeria caíam na gargalhada com a confusão que ele fazia entre "homossexuais" e "heterossexuais".

terça-feira, 15 de maio de 2012

"Maria tem ovo? Cozinha uns quatro pra mim...", bradou em alta voz o deputado Walter Prado


Semana passada estávamos no "salão azul" da Assembléia Legislativa. O deputado Walter Prado (PDT) estava cercado de um grupo de eleitoras e um senhor de idade, que parecia ter vindo da zona rural de Tarauacá.
Prado conseguiu se desvencilhar das eleitoras, mas o rurícula continuava no seu pé. Para onde o deputado se deslocava, o mutuca de anta o perseguia com um maço de papel enrolado na mão pedindo, provavelmente dinheiro para quitar suas contas. Em dado momento Walter acionou o celular e falou em voz alta para o grude ouvir:


_Maria (sua doméstica) tem ovo aí em casa? Cozinha uns quatro pra mim. Faz qualquer coisa pra você comer porque não vou levar carne não. É Maria, vou não. Vou ajudar um pobre coitado aqui com o dinheiro da carne do almoço. Vou dá para ele, ouviu Maria.


Antes que o visse entregando o dinheiro para socorrer o homem entrei no elevador e fui embora.



segunda-feira, 14 de maio de 2012

O desabafo do vereador George Pires...


O médico anestesista e ex-vereador George Pires havia sido reintegrado ao mandato depois de alguns meses cassado por conta da suposta compra de votos. A Câmara Municipal fervilhava de eleitores pedintes naquela manhã. Um deles se aproxima de George e diz:

_ Doutor, o senhor poderia me ajudar na compra de meu gás. Estou sem dinheiro e...
Foi bruscamente interrompido pelo vereador
_ Olhe bem para a minha cara, bem dentro dos meus olhos. É por causa de pessoas com o senhor que estou deixando a política. Vá trabalhar seu vagabundo. Vamos, olhe na minha cara. Se por ventura na próxima eleição eu aparecer na porta de sua casa pedindo votos, elevou a voz e sapecou: NÃO VOTE EM MIM! Porque eu fiquei louco, doido, pirado. Chame a polícia e mande me internar no Distrital.
George encerrou o mandato e, como prometera, nunca mais se candidatou.

...e o do Sargento Vieira!

O vereador Sargento Vieira tinha acabado de receber seu soldo de suboficial aposentado da PM. Achava que estava preparado emocionalmente para passar no corredor da morte - alusão ao grande número de eleitores pedintes na entrada da Câmara Municipal -, ledo engano! Foi cercado por várias pessoas que insistentemente lhe pediam de tudo. Uma violência e um descaramento sem limites. Perdeu as estribeiras. 
_ Meteu a mão no bolso de dentro do paletó e começou a jogar o dinheiro e a gritar:
_ Peguem cambada, corja, tomem tudo, levem porque isso é o que vocês querem. Enquanto os eleitores disputava as cédulas no tapa o bom Sargento conseguiu "adentrar" ao Legislativo. No aconchego do Plenário, suado, cansado da guerra sapecou em alta voz:
_Isso é coisa do satanás!!

E do Pascal Kalil?

Procurador do município e vereador Pascal Kalil, do PC do B, chega na Câmara. Aquele nunca tinha medo do corredor da morte. Um dia, um jovem incauto, de barba, bermuda, camisa de meia, chinela havaiana, o abordou:
_ Vereador, o senhor poderia me dá um dinheiro pra eu comprar um sacolão...
Foi interrompido por Pascal que com a voz mansa, serena e baixa lhe respondeu:
_ O senhor não tem vergonha na cara não de estar pedindo aqui. Um homem  jovem, forte, cheio de saúde. Não fui eleito pra isso. Me desculpe, mas o senhor precisa trabalhar. Vá trabalhar. 


Pascal sabia como ninguém que se tratava de mais um malandro.




segunda-feira, 7 de maio de 2012

Sempre gostei de ouvir muitas histórias e estórias que falam da nossa humanidade. Que nos arremetem sempre a reflexões sobre quem realmente somos e o que fazemos. Me incomoda muito a hipocrisia, as máscaras. Não a das outras pessoas, mas as minhas. 


Quando estou triste, deprimido, magoado, ferido ou enojado de algo as circunstâncias me levam a me posicionar de forma diferente diante de alguém, principalmente em relação aos meus sentimentos.


_ Está tudo bem, graças a Deus!


Instinto de proteção. Medo de demonstrar que está sujeito a fraquezas. Que não é a fortaleza que todos pensam que é. De dizer, por exemplo, que a minha cruz já é pesada demais  para ter que carregar a dos outros. Já não suporto o peso de pessoas que trazem sempre uma carga emocional gigantesca. Tão pesada como uma estrela de nêutrons e tão leve que passa pelo celular. 


Ou, quem sabe, é a sina, o destino:


Em uma grande cidade um médico sempre orientava as pessoas que o procuravam com depressão a ir a um circo em determinado vilarejo. Lá havia um palhaço que tinha o dom e a graça de Deus de fazer todos rirem. Com extrema sutileza e maestria era capaz de arrancar as pessoas do fundo do abismo com sua tão incomum habilidade. De quebrar grilhões e cadeias que prendiam pessoas a sentimentos e traumas do passado. Um dia o médico recomendava um paciente a fazer o mesmo. O que ouviu mudou todos os seus conceitos.


_ Não posso doutor porque eu sou aquele palhaço!


Por tudo isso é que continuo achando que Jesus, o Cristo, é real e pode nos ajudar independente do que os homens possam fazer, ou dizer coisas em seu nome. Coisas absurdas sobre uma liberdade de fachada, e que na verdade aprisionam muito mais do que libertam. Para aquele palhaço só havia um caminho: Jesus. Só Ele poderia aliviar o peso dos sentimento alheios, mas, mais importante ainda, o da própria hipocrisia de fazer os outros felizes quando estava estraçalhado e dilacerado por dentro.