terça-feira, 17 de julho de 2007

Analfabetismo no quintal de casa


A menos de 40 quilômetros da capital, em um ramal da Transacreana, existem dezenas e até centenas de crianças sem escolas. Os pais, coitados, imploram por uma palhoça e um professor que ensine a soletrar "Me a-ju-da. Es-tou com fo-me"e as quatro operações. As condições do ramal dá para perceber bem. Só anda "jeguemóvel". A quem queremos enganar? A nós mesmos? Os analfabetos não estão somente na África, na Índia, no Nepal. Estão no quintal de nossa casa. Como político e vereador com mandato me sinto frustrado e impotente. Até quando Senhor?

O nosso maior problema continua sendo o pináculo do templo. Para quem não sabe, o pináculo é o lugar em que, segundo a Bíblia e a tradição cristã, o diabo levou Jesus e ofereceu o poder. Quem está no poder geralmente só vê o próprio umbigo, as regalias, as benéces, as mordomias e se acha o máximo. No pináculo o homem é visto por todos. É o lugar da evidência e da fama.

O poder leva a soberba e ao orgulho que embriagam a alma. Uma outra característica do poder é cegar o homem para que não veja a situação de miséria humana em que vivem os seus semelhantes. Insisto! Na comunidade que visitei, às margens do Riozinho, eles só querem uma tapera coberta de palha para chamar de escola e um professor. Não estão pedindo muito! Estão?

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