sábado, 18 de abril de 2009

A morte de meus pais


Não tenho mais mãe, nem pai. Minha mãe morreu em 1994, aos 64 anos de idade. Dois anos depois falecia meu pai beirando os 70 anos.

A dona Neline, fiscal aposentada da Fazenda Estadual, mulher do Zé Baiano, me viu chorando no velório de minha mãe e me disse:

_ Asterinho, não chore tudo agora não porque você vai chorar pro resto da vida a morte dela _ Ela tinha razão!

Toda vez que vou a um velório e sepultamento de alguém me lembro de meus pais e pranteio a dor da família que acaba de perder seu ente querido. (várias pessoas que conheci morreram nos últimos dias). Parece que meus pais estão morrendo novamente. A dor da saudade não acaba, apenas se esconde em algum lugar do coração e brota nessas horas de tristezas.

Sofri mais com a morte de meu pai do que com a de minha mãe. Parece um contrasenso, mas não é. Ela nos preparou para sua partida:

_ Vou morrer de manhã cedinho, um belo dia sem nuvens, serei velada na igreja, não quero que levem meu corpo para casa, façam um lindo culto e, por favor, não quero ninguém chorando alto muito menos dando gritos de desesperos. Não me matem duas vezes de vergonha. Além do mais, no primeiro buraco aberto que encontrarem sepultem sua mãe. Alí não serei eu, apenas a casca. Antes de eu morrer, dizia ela, me dêem um banho bem gelado e gostoso que ainda passo mais algumas horas viva. (Aconteceu exatamente como ela planejou).

Meu pai não gostava de falar muito sobre o assunto, mas dizia que quando morrese que levássemos o seu corpo para Brasiléia para ser sepultado ao lado de sua mãe. No seu velório, na Câmara Municipal de Brasiléia, pensei que ia morrer de tanto chorar. Quase me acabo! Veio na minha mente toda a sua história de vida naquela cidade. Como um filme na minha mente eu o vi bebê, criança, adolescente correndo pelas ruas, jovem, homem até o momento em que comecei a fazer parte de sua história. Sempre que me lembro dele meus olhos ficam marejados de lágrimas.

Minha mãe orou por ele mais de 40 anos de sua vida. A obra foi feita. Até porque Àquele que começou a boa obra em nós vai completá-la.

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