domingo, 20 de novembro de 2011

Eles, os preconceituosos!

Acho que de uma forma ou de outras todas as pessoas já se sentiram discriminadas, humilhadas e desprezadas. Passei por isso a vida toda. Quando minha mãe nasceu a minha avó no seringal já era evangélica. Minha mãe foi alfabetizada na Bíblia, nunca frequentou escola mas lia tudo o que aparecia na frente. Ser "protestante" em décadas passadas século XX era o mesmo que ter uma doença contagiosa. _Seringueiros e protestantes, era só o que faltava.

Da parte do meu pai a questão era mais política. Minha avó era católica a começar pelo nome: "Maria da Anunciação". Tinha um altar à Maria feito de jacarandá. Todos os dias ela se vestia de preto, cobria o rosto com um véu e rezava um terço. À época o casamento de meu pai com minha mãe foi muito criticado. _Um moço bonito, católico, da cidade casar com uma protestante seringueira. Uma "aleluia" que fica de bunda pra cima orando, era o que diziam.

Como dizia o problema do meu pai era político. Meu avô veio de Imperatriz, fundou o PTB para enfrentar os  donos da cidade, algumas famílias abastadas do PSD. Foi briga, resultou na morte de um tio que era o prefeito da cidade, irmão de meu pai. Com o golpe militar de 1964 meu pai foi preso pelo Exército por ordem expressa do capitão Cerqueira, governador da ditadura. Passou um bom tempo na cadeia. Do lado de fora eramos perseguidos. Protestantes e comunistas.

Por questão de justiça faço um parêntese nessa história. Quando viemos morar em Rio Branco eu e meus irmãos fomos estudar no Instituto Nossa Senhora das Dores, administrado pelas servas de Maria e pelos irmãos Maristas. Nunca sofremos nenhum tipo de preconceito por sermos protestantes. Ao contrário, sempre fomos amados e respeitados. Aliás, tenho muita saudade desse tempo. Também lembro que amigos de meu pai da ARENA sempre o respeitaram.

Hoje vivemos em um país democrático. A religião oficial do Brasil não é mais católica, graças ao então deputado comunista constituinte, Jorge Amado. Respiramos liberdade, a economia vai bem, as desigualdades sociais diminuíram muito, a educação foi ampliada, temos uma boa constituição mas nunca me senti tão discriminado por ser evangélico. Alguns homossexuais estão destilando ódio, rancor e desprezo por nós porque a Bíblia diz que a relação sexual entre pessoas do mesmo sexo, ou o bissexualismo é pecado. Querem nos fazer aceitar a prática homossexual como natural.

O natural, para nós evangélicos, é um homem casar com uma mulher, constituir família e gerar filhos e filhas. Somos orientados também a amar todas as pessoas, principalmente os gays, ou todos aqueles que nos maltratam e nos perseguem. Porém, amar não significa concordar com tudo. Amo meus filhos, mas não posso concordar com alguns de suas decisões. Mesmo assim e os amo. Vou lutar pelos seus direitos até o fim.

Em relação ao Estado o papel dele na constituição está muito bem delineado. É laico, graças a Deus porque do contrário não seríamos o que somos hoje. É dever proteger à todos. Qualquer cidadão seja ele hétero, gay, católico ou protestante.  Entretanto, é princípio basilar que o meu direito termina quando começa o direito do outro. Aprendi isso quando era criança.

Nós, evangélicos protestantes, queremos apenas que o nosso direito de fé, de regra e de culto seja respeitado. Para nós, a Bíblia foi escrita por homens inspirados por Deus. Se ela diz que o homossexualismo é pecado vai ser sempre pecado. Porém , isso não impede que nos respeitemos mutuamente. Em um estado democrático de direito as pessoas tem um direito relativo de decidir sobre suas próprias vidas: Quer ser gay, seja, mas não tente me impedir de exercer o meu credo. É o meu direito. Não sou homofóbico, sei que a luta é política mas não precisa destilar tanto ódio contra os que pensam diferente. Afinal de contas é a diversidade da vida.


Um comentário:

Rilgeison Alves disse...

O fato é que é uma contradição, os que se sentem discriminados, na maioria das vezes cometem exclusões em muitos outros sentidos. O nosso país evoluiu, mas havia um tempo em que a cultura era usada pra reivindicar nossos direitos e ideais, haviam ideologias até nas musicas. Hoje o que vemos é que tudo é feito para quebrar os princípios familiares e valores que ganhamos no decorrer das gerações.
Mas é isso mesmo Dep. Astério Moreira, continue sendo uma voz que ecoa, nem Jesus agradou a todos, pelo contrário a multidão inflamada por líderes sociais(fariseus), foi quem o matou!


Rigleison Alves