Vou passando perto de uma aglomerado de botecos e uns pingunços resolvem brincar comigo.
_ Ei Astério! Vereador-deputado, quem vai ganhar, o 77 ou o 55?
Os demais companheiros de fardo caíram na risada como crianças despreocupadas com as responsabilidades da vida. Embalados pelo álcool, é claro!
_ Eu que quero saber de vocês, quem vai vencer mesmo a disputa do horário? O 55, 77 ou 51? Brinquei para quebrar o gelo e ter acesso aquele mundo restrito, terra fértil para se garimpar histórias de vidas extraordinárias.
O mais gaiato de todos gritou:
_ É o 55! Outro já rebateu:
_ Não é o 77!
Começou o burburinho entre eles com a manifestação de opiniões bastante divididas. Na verdade, para eles não importa o horário porque vivem de maneira despreocupada ou, quem sabe, preocupada demais. Me lembrei que um dia também fui como eles. Por pouco tempo, é verdade.
Na época tinha mais medo da vida do que da morte. Eram minhas companhias. Entre tragos, sorrisos e lágrimas de homens amargurados e desencantados com a vida aprendi muito. Muitas histórias de dor e de perda que os levou a criar o próprio mundo de ilusão em que vivem mergulhados. Homens - mulheres também -, que vivem uma guerra existencial sem tréguas.
Quanto a mim, encontrei o caminho da paz que me libertou do álcool. Descobri que não precisava beber para ser feliz: Um carpinteiro de Nazaré chamado Jesus. Me despedi de todos e segui meu caminho. Sei que um dia muitos dos que ali estavam também o encontrarão. Encontrarão o caminho de casa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário