Porque não conseguiria dizer um "e daí"!? para ninguém
Fiquei impressionado com a minha própria indignação quando vi no Ac24horas que eu teria dito uma frase sobre os buracos da BR-364 seguida de um "e daí"!? Maldade pura do Ac24horas. Não conseguiria dizer isso para ninguém, nem de brincadeira. Não só eu, nenhum de nós, os oito irmãos.
Passado as primeiras 48 horas do ocorrido consegui até um sorriso de "Mona Lisa" do episódio. A minha reação tem a ver com o meu passado. Viajei no tempo e descobri a raiz da questão.De certa forma foi muito bom porque me fez lembrar minha mãe, a dona Neves.
Ela é a única pessoa responsável por eu não conseguir dizer um "e daí"!? Meu pai, por não conseguir xingar uma pessoa de "desgraçado" e "miserável". Falar essas palavras na minha casa era abominável e a certeza de uma repreensão, às vezes, seguida de uma boa e senhora surra de cinturão, nas pernas.
Minha mãe considerava o cúmulo da ousadia, afronta e audácia o "e daí"!? Um desrespeito a ela, aos mais velhos e a todo mundo. Pelos idos de 1969/1970, na escola Batista, caí na besteira de dizer um: "não fiz o dever, e daí"!? para a professora e Missionária Marley. Uma linda jovem que tinha vindo do Rio de Janeiro para o Acre fazer missões e dar aulas.
O tempo fechou. Ela reagiu com tanta indignação que me sacolejou pelos braços, me deu uns bons tapas e me colocou de castigo. Por muito tempo as marcas de suas unhas ficaram cravadas nos meus ante braços.
_ Vou comunicar a irmã Neves, sentenciou a linda professora, por quem eu, apesar dos meus nove anos de idade, nutria um amor platônico (naquele dia o amor se acabou). A situação era mais grave porque a missionária morava na nossa casa. Não havia escapatória. A surra estava decretada. Dizer um "e daí"!? para um professor era grave, gravíssimo.
Minha mãe, estoica, me pegou de jeito na frente de todos para que ninguém tivesse a infeliz ideia de dizer um "e daí"!? para pais, avós, tios, tias, primos, professores...e a mais ninguém, como ela mesma dizia, "enquanto vivesse na face do planeta Terra".
Na verdade o Ac24horas me fez um bem. Posso perdoá-los pela "maldade" que fizeram a mim, mas não posso perdoá-los pela "maldade" que fizeram a eles mesmos. (coisa do Nietszche). Fizeram o bem no sentido de ter trazido a minha memória momentos extraordinários de minha vida.
Recordei dos amigos de infância, dos professores. Como disse, lembrei de minha mãe, dos seus ensinos, da rigidez moral, mas também da ternura e do amor dedicado à todos. Nasceu no seringal, aprendeu a ler na Bíblia, nunca pode frequentar uma escola. Quem a conheceu sabe do que estou falando.
Como eu gostaria de dizer a ela, só a ela, a mais ninguém:
_ Mãe, fica em paz! Eu jamais direi um "e daí"!? para afrontar e desrespeitar ninguém. Naquele dia, mãe, eu aprendi a lição. Pai, também não pronunciarei contra ninguém as palavras "miserável" e "desgraçado". O senhor não gostava porque elas não edificam vidas.
Daqui a algum tempo tudo isso terá passado...
Fiquei impressionado com a minha própria indignação quando vi no Ac24horas que eu teria dito uma frase sobre os buracos da BR-364 seguida de um "e daí"!? Maldade pura do Ac24horas. Não conseguiria dizer isso para ninguém, nem de brincadeira. Não só eu, nenhum de nós, os oito irmãos.
Passado as primeiras 48 horas do ocorrido consegui até um sorriso de "Mona Lisa" do episódio. A minha reação tem a ver com o meu passado. Viajei no tempo e descobri a raiz da questão.De certa forma foi muito bom porque me fez lembrar minha mãe, a dona Neves.
Ela é a única pessoa responsável por eu não conseguir dizer um "e daí"!? Meu pai, por não conseguir xingar uma pessoa de "desgraçado" e "miserável". Falar essas palavras na minha casa era abominável e a certeza de uma repreensão, às vezes, seguida de uma boa e senhora surra de cinturão, nas pernas.
Minha mãe considerava o cúmulo da ousadia, afronta e audácia o "e daí"!? Um desrespeito a ela, aos mais velhos e a todo mundo. Pelos idos de 1969/1970, na escola Batista, caí na besteira de dizer um: "não fiz o dever, e daí"!? para a professora e Missionária Marley. Uma linda jovem que tinha vindo do Rio de Janeiro para o Acre fazer missões e dar aulas.
O tempo fechou. Ela reagiu com tanta indignação que me sacolejou pelos braços, me deu uns bons tapas e me colocou de castigo. Por muito tempo as marcas de suas unhas ficaram cravadas nos meus ante braços.
_ Vou comunicar a irmã Neves, sentenciou a linda professora, por quem eu, apesar dos meus nove anos de idade, nutria um amor platônico (naquele dia o amor se acabou). A situação era mais grave porque a missionária morava na nossa casa. Não havia escapatória. A surra estava decretada. Dizer um "e daí"!? para um professor era grave, gravíssimo.
Minha mãe, estoica, me pegou de jeito na frente de todos para que ninguém tivesse a infeliz ideia de dizer um "e daí"!? para pais, avós, tios, tias, primos, professores...e a mais ninguém, como ela mesma dizia, "enquanto vivesse na face do planeta Terra".
Na verdade o Ac24horas me fez um bem. Posso perdoá-los pela "maldade" que fizeram a mim, mas não posso perdoá-los pela "maldade" que fizeram a eles mesmos. (coisa do Nietszche). Fizeram o bem no sentido de ter trazido a minha memória momentos extraordinários de minha vida.
Recordei dos amigos de infância, dos professores. Como disse, lembrei de minha mãe, dos seus ensinos, da rigidez moral, mas também da ternura e do amor dedicado à todos. Nasceu no seringal, aprendeu a ler na Bíblia, nunca pode frequentar uma escola. Quem a conheceu sabe do que estou falando.
Como eu gostaria de dizer a ela, só a ela, a mais ninguém:
_ Mãe, fica em paz! Eu jamais direi um "e daí"!? para afrontar e desrespeitar ninguém. Naquele dia, mãe, eu aprendi a lição. Pai, também não pronunciarei contra ninguém as palavras "miserável" e "desgraçado". O senhor não gostava porque elas não edificam vidas.
Daqui a algum tempo tudo isso terá passado...