Operação G7, Carlos Sassai e seu carrão!
Fui a uma loja "das antigas". Lembro dela na Marechal Deodoro, ao lado da Construacre, Hotel Raijoman, lanchonete do Tibúrcio. Perto da Acrevelinda (aonde hoje é o banco Itaú).
Um funcionário, ao perceber minha presença, com um sorriso irônico, fala bem alto:
_ Passei agora na frente da Policia Federal tinha uma japonesinha em um carrão gritando e chorando porque o marido dela estava preso!
Em seguida se desmanchou em uma boa gargalhada, uma espécie de êxtase. Falou novamente buscando a aprovação dos colegas.
_ E verdade, ela tava em um carrão, um carrão bem bonito, desses carrão, sabe, né!? É, aos gritos, na frente da Policia Federal, chorando...era a mulher do Carlos Sassai.
Mais uma sessão de gargalhada estridente, porém, sem o brilho da alegria. Com o sabor amargo das vinganças. Olhei para ele e disse, já que queria me chamar atenção. A conversa era comigo.
_ A mulher do Carlos Sassai está morta. Durante uma depressão profunda ela, num gesto desesperado, ateou fogo no corpo. Foi uma dor muito grande, uma tragédia terrível para a família, amigos. Imagino a dor. Com certeza, não era ela na frente da Polícia Federal em um carrão como você está dizendo.
Me olhou furioso, gaguejando me disse:
_ Sei... que era num...carrão, uma japonesinha gritando e chorando...na frente da Policia Federal... num carrão. Tenho raiva desse Sassai, só anda num carrão, deve a todo mundo.
Outros funcionários entraram na conversa. Depois ele mesmo disse que era evangélico e da oposição. Não gostava de ninguém do governo, muito menos do PT, nem do Sassai e do seu carrão. (um direito que lhe assiste).
Porém, ao sair de lá fiquei pensando:
_A revolta do funcionário não era com a possibilidade de Sassai ser culpado (ou inocente) de corrupção, mas raiva e ódio porque o Sassai tinha um carrão e ele não.
A indignação dele parece ser a de muitos. Tudo é uma questão de oportunidade...e caráter.